Os Sinos e o Silêncio por Fernando Correia de Oliveira*
Em Portugal, onde esse problema também se colocou, os relógios e os sinos foram sendo deixados, no último meio século, ao mais feroz abandono.
Se olharmos para as torres das igrejas, os relógios estão parados e os sinos não cantam. Ou… as rodas dentadas estão paradas, mas os ponteiros até andam, os sinos não se movem mas até parecem tocar. Nos bastidores há um circuito de quartzo a fazer andar o relógio e o som que se ouve é debitado por um autofalante, fruto de um programa informático, onde dezenas de melodias se armazenam. Nem o relógio nem o som têm 'alma'.Em alguns casos, os relógios já desapareceram ou deixaram de estar umbilicalmente ligados (através de cabos, travessas e martelos) aos sinos, deixando estes sós, tristes, sem jeito ou função. É o Tempo que está parado.
*Jornalista e investigador na área do Tempo, da Relojoaria e da evolução das Mentalidades a eles ligada.